Frédéric Simonin: a graça discreta de uma estrela parisiense

Existem endereços em Paris que conquistam não pelo espetáculo, mas pela precisão, emoção e sinceridade. O restaurante Frédéric Simonin, discretamente situado no 17º arrondissement, é um desses lugares. Atrás da fachada sóbria do número 25 da rue Bayen, revela-se uma casa serena: piso de madeira clara, luz suave, espelhos lapidados… um refúgio de calma para uma culinária de exceção.

Um chef, uma vocação, uma assinatura

Frédéric Simonin

Frédéric Simonin tem uma trajetória marcada pela paixão e rigor. Ainda adolescente, iniciou-se como aprendiz na Bretanha. Rapidamente integrou as maiores casas da gastronomia parisiense: Ledoyen, Le Meurice, Taillevent, George V. Aos 27 anos, conquistou sua primeira estrela Michelin.
Depois, veio a experiência ao lado de Joël Robuchon: primeiro em Paris, no La Table, depois em Londres, nos Ateliers Robuchon, onde conquistou mais duas estrelas.

Em 2010, abriu seu próprio restaurante. Um ano depois, ganhou sua estrela Michelin. Em 2019, foi consagrado Meilleur Ouvrier de France, uma das maiores distinções para um chef na França.

Simonin representa uma cozinha técnica, precisa e humana. Sua força está na transmissão, no respeito ao produto e na simplicidade refinada.

Um espaço elegante, íntimo e essencial

Longe da agitação urbana, o restaurante Frédéric Simonin oferece uma pausa sensorial. A sala, com capacidade para 36 pessoas, exala uma atmosfera acolhedora e luminosa. A cozinha aberta permite observar uma verdadeira coreografia silenciosa, executada com precisão e paixão.

O local, assim como o chef, é discreto. O design sóbrio, os materiais nobres, as linhas puras… tudo contribui para realçar a experiência gastronômica. Aqui, o essencial é o sabor.

Uma culinária de justeza e emoção

Minha descoberta deste restaurante foi um verdadeiro encantamento. Um almoço durante a semana (o restaurante fecha nos finais de semana) que me marcou profundamente.

Logo na entrada, o tom é dado: um verrine de rabanete, com gelatina delicada, espuma de raiz-forte e uma fina torrada melba. Em seguida, um trio de amuse-bouches de equilíbrio perfeito:

  • Mini pote de foie gras, com redução de vinho do Porto e emulsão de parmesão;

  • Madeleine de azeitonas e segurelha;

  • Tartelete “memória de uma viagem inesquecível” ao caminho ocre de Roussillon, com tomate, orégano, berinjela e alho – uma verdadeira poesia em forma de mordida.

A entrada foi a ostra 00 da Lagoa de Thau, servida em dois tempos:

  1. Crua, com caldo gelado de nabo daikon, gelatina de maçã-yuzu, bavaroise de combava e pérolas de tapioca;

  2. Grelhada na brasa, glaceada com mel e soja, acompanhada de extrato de alface-de-cordeiro, avelãs e pérolas de ponzu.

Um trabalho minucioso, entre terra e mar, quente e frio, texturas e contrastes.

O prato principal foi uma dourada real, cozida no ponto exato com folhas de alcaparra, alcachofras, abobrinhas, flores do campo e portulaca selvagem, sobre um caldo de folhas espinhosas e azeite de oliva Taggiasca preta. Um prato vivo, vegetal, vibrante e profundamente francês.

Uma sobremesa de estação, com alma local

O chef pâtissier Guillaume Levasseur assina uma criação poética e regional:
“Ruibarbo fondant com flor de hibisco, merengue macio e sorvete de framboesa”, feito com ingredientes da Ferme du Grand Balleau e da Ferme Bourjot, ambas na região da Île-de-France.

Um prato fresco, preciso e cheio de textura, que traduz perfeitamente o compromisso da casa com a sazonalidade e os produtores locais.

Na casa de Frédéric Simonin, tudo é questão de equilíbrio. Sem exageros, sem pretensão. Apenas uma cozinha francesa contemporânea, exigente e generosa, à imagem deste chef apaixonado, que trabalha com silêncio, precisão e coração.

Um lugar raro, verdadeiro, imperdível.

Frédéric Simonin
25 rue Bayen, 75017 Paris
 1 estrela Michelin
www.fredericsimonin.com
 Fechado nos fins de semana

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